MÍDIA PRETA? IMPRENSA PRETA?

25.7.16

Olá lindezxs! O post de hoje é pra contar da minha experiência no 13º Professional Fair BH, que todo ano vem cheio de lançamentos na área da beleza, e como contei lá no SNAPCHAT, foi a minha primeira vez na chamada feira da beleza, e lá fui eu a procura de lançamentos que incluíssem o nosso cabelo crespo.



Fui credenciada para cobrir o evento como imprensa, junto com outras integrantes do Clube de Blogueiras Negras de Beagá, sendo que eu e parte do CBNBH optamos por ir no primeiro dia, domingo (10), pra ver de pertinho o que nos aguardava. Por se tratar de uma feira de beleza tradicional, imaginei logo de início que veríamos sim empresas com novas propostas de chapinhas, alisamentos e progressivas, mas esperávamos também que ao menos parte dos expositores dedicassem o mínimo que seja ao nosso público, que é NEGRO E CRESPO, mas o que mais vimos foram algumas empresas tentando inventar a roda. NÃO TINHA! Um creme de pentear que esteja fora do que vemos geralmente, não tinha.



Fora que, logo que chegamos para o credenciamento, vi que a blogueira Danny Mendes, do Uma Preta Afiada teve bastante dificuldade porque a funcionária não entendia como a cadastraria como imprensa, e questionando-a pela sua profissão foi respondida com um " BLOGUEIRA", tornou a perguntar a profissão, e queria certeza de que a Danny gostaria que colocasse essa função. É ÓBVIO QUE SIM, fomos fazer a cobertura do evento enquanto blogueiras! Passado o episódio vimos que além de não executar o que foi pedido e deu a Danny um crachá comum, que não a indicasse como imprensa, vimos também que a atendente escreveu, na falta de conhecimento do bom português, ou até de profissionalismo, um "BLOQUEIRA". Danny é bloqueira Braseeel!



Como se não bastasse esse stress, a palhaçada chegou ao ápice. Cansadas fomos procurar a sala de imprensa pra nos acomodarmos, e logo na entrada, a segurança olhou pra todas nós e disse: "VOCÊS NÃO PODE ENTRAR AQUI, AQUI NÃO É LUGAR DE TIRAR FOTO, ESTE ESPAÇO É SÓ PRA IMPRENSA". Na hora meu espírito encontrou com Cristo, fiquei pra explodir! Ela nem se deu o trabalho de conferir a credencial.

Éramos seis blogueiras, credenciadas como imprensa, com credenciais que não eram pequenas, nem ilegíveis, não estava tampado. NÃO TEM DESCULPAS! Ela teve uma atitude racista, ao ver seis pretas entrando na sala de imprensa, simplesmente barrar sem ao menos pedir a credencial, e não pra nossa cara.

Depois de ver a coisa feita ela pediu mil desculpas pelo "mal entendido". Mal entendido que se repete a cada esquina. Vivemos isso todos os dias, ao ver que a nossa mídia preta ganha espaço, embora não ganhe com a mesma proporção como a mídia branca, o espaço não é o mesmo, a recepção não é a mesma, o tratamento não é o mesmo e a aceitação não é a mesma. As pessoas não estão preparadas pra tanto.

Mesmo com isso, usamos o espaço que nos foi reservado mas sem delongas fomos continuar a nossa busca na feira. Depois de muitos "NOSSA, OLHA AQUELE CABELO", "OLHA QUE DIFERENTES, EXÓTICAS ELAS NÉ?!", "POSSO TIRAR FOTO COM VOCÊS? SÓ MORENA LINDA", decidimos ir embora. Deu pro dia todo!

Pulamos para o último dia da feira, e mesmo sabendo que não encontraríamos nada que fosse específico para o tratamento do crespo, o CBNBH esteve presente; eu, que engoli seco a mulher da sala de imprensa, Thaís do Molas ao Vento que já não aguentava o assédio ao crespo colorido e Lívia do Na Veia da Nêga, que foi conhecer a feira já ciente. E como esperávamos novamente estavam lá, oferecendo uma "solução" para o que não é problema, chegaram a oferecer um shampoo que alisa (pasmem) e quando variavam, apresentaram uma espécie de permanente para alterar a estrutura do cabelo "duro que a mãe não dá conta de cuidar", hora era um gel amaciante pro cabelo "dar mais cachos", ou uma máscara de hidratação + ativador de cachos, que a mocinha não sabia explicar como usar, e ao ser questionada gaguejou, mas enfim, nada novo.

Quem salvou e zerou a brincadeira dos três dias de feira foi uma senhora, Dora Alves, maravilhosa e empoderada, que ocupava um espaço que não chamava tanta atenção quanto o espaço dos outros expositores, pela decoração sofisticada, microfone e música alta.



Dora nos apresentou seu projeto, Meninas de Dora, que visa empoderar meninos e meninas através da estética negra para a valorização e ocupação de espaços que muitas vezes nos foram privados. Ela salvou a feira, indo na contramão de varias marcas que tinham o intuito exclusivamente de vender.

Ela também lançava um produto, mas fez toda a diferença tratando o cabelo crespo em sua forma original, valorizando-o sem alterar sua estrutura como muitos ainda fazem. Enfim, o mercado não está preparado para a imprensa preta e menos ainda para o cabelo crespo. Crespo mesmo, pra quem busca produtos para tratamento em sua forma original, sem amaciar, relaxar e cachear a qualquer custo. Gravei um pouco do último dia da feira que resume tudo isso, e agora te convido a assistir. Bora? 

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